“Re-tratos” da velhice, em situação de rua
compreendendo vozes em condição de vulnerabilidade social
DOI:
https://doi.org/10.60033/conecta.v1i1.2Palavras-chave:
Velhice, situação de rua, vulnerabilidade socialResumo
Este trabalho versa sobre resultados do projeto de extensão “Re-tratos” da velhice, em situação de rua, realizado no primeiro e segundo semestres de 2022, por uma equipe transdisciplinar de estudantes do 1º e 2º períodos dos cursos de Psicologia, Direito,
Gastronomia, Administração e Veterinária, e a professora orientadora, do curso de Psicologia, da Faculdade Arnaldo Janssen/B.H. O trabalho atrelou-se à perspectiva de curricularização da extensão universitária (2018) e aos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas/ONU (2019), os quais propõem “um trabalho conjunto de toda a sociedade, para um mundo mais justo, igualitário e sustentável”, tendo-se como um dos seus 8 eixos temáticos as “Vulnerabilidades sociais e políticas de enfrentamento”. O projeto objetivou retratar as realidades de vida vivenciadas por idosos em situação de rua, por meio de suas próprias vozes. A abordagem metodológica foi qualitativa, lançando-se mão do estudo de caso e da pesquisa-ação. Participaram 9 idosos com 60 anosou mais ou ainda incompletos, dada a velhice precoce, em situação de rua. O recorte priorizou que eles deveriam ter estado ou estar alocados no entorno do Campus da Faculdade Arnaldo – Bairro Funcionários - Zona Sul da capital. Contou-se com o apoio do Centro de Valores da Faculdade Arnaldo, para o contato e articulação de ações com o público-alvo, bem como com a parceria da Pastoral do Povo da Rua, da Arquidiocese de Belo Horizonte. O conceito de vulnerabilidade social adotado sugeriu que ela não seja inerente a determinadas pessoas ou
grupos, isto é, não é definida por marcadores identitários, ao contrário, diz respeito a determinadas condições e circunstâncias, que podem ser alteradas, levando-se em consideração a gama de aspectos envolvidos: sociais, econômicos, políticos, culturais,
subjetivos, demográficos etc (AYRES et al, 2003). Utilizou-se, ainda, como contribuições teórico-metodológicas o viés compreensivo-hermenêutico enfatizado por Dilthey (2008); o construcionismo salientado por Gergen & Gergen (2010), fundamento constitutivo do quadro de referência dos Direitos Humanos; e a fenomenologia social interpretativa de Schutz (2018).
Mostrou-se fundamental o conhecimento das realidades vividas pelo idosos em situação de rua, por meio de suas vozes, as quais anunciaram e denunciaram que a sobrevivência humana digna, ou seja, que a dignidade humana, para além de ser resguardada pela Constituição Federal, Estatutos e Decretos, deva ser concretizada por meio das políticas públicas efetivas, capazes de minimizar o sistema de desigualdede e exclusão social.